É desta forma que escolho ver as coisas:
Já não tenho idade para mentir! Ponto.
Não porque seja feio, designação que muito ouvia em criança da boca dos meus pais, mas porque já não serve o meu propósito.
Menti durante muito tempo ao longo da minha vida por MEDO. Tinha medo de dizer a verdade e de receber represálias. Em miúda, quando às escondidas fazia asneiras, a minha mãe descobria e perguntava-me se tinha sido eu. Ficava sempre incomodada sem saber o que lhe dizer pois não queria desiludi-la nem deixar de receber o amor dela.
E aí eu dizia:
- Não fui eu!
- De certeza?! - perguntava-me ela a olhar fixamente para os meus olhos e a perceber nitidamente que tinha sido eu (já agora, as mães são umas sabichonas e sabem tudo sobre os filhos).
Eu continuava a insistir dizendo que 'Não' até chegar ao ponto em que lá me decidia confessar e quando o fazia já era tarde. Ela não suportava mentiras e à sua maneira tratava de me transmitir a importância de contar a verdade.
No fundo o que eu queria mesmo era ser amada independentemente daquilo que fizesse, o que se revelou uma tarefa inglória pois sendo eu uma criança, as asneiras eram o prato forte do dia e as oportunidades de não desiludi-la eram... escassas! Queria mostrar-lhe que era a menina perfeita e bem comportada para receber o seu amor em retorno o que acabava por não acontecer.
Comecei a sentir na pele que mesmo dizendo a verdade não tinha o retorno desejado logo, porquê dar-me ao trabalho em a dignificar?
E passei largos anos nisto.
A esconder e a mentir, aos outros, e a mim própria, até que me fartei de receber os louros bolorentos da minha conduta e a mentira começou a deixar de me servir.
Não tanto por ser um acto 'mau' ou 'feio', até porque mentir já me salvou várias vezes de situações complicadas em que a minha sobrevivência esteve em causa, mas pelo rasto que ficou na minha vida por tê-lo feito de maneiras tão egoístas.
Aprendizagens e sabedoria à parte, viver em verdade tornou-se actualmente um estilo de vida para mim. Tenho vindo a descobri-la através das experiências que vou vivendo e a observar o quão obsoleta ela é a cada dia que passa!
Repara nisto:
O que hoje é uma verdade amanhã pode bem deixar de ser. O que não quer dizer que ontem tenhas vivido uma mentira! Simplesmente estás a construir e a actualizar a vida à medida que ela avança o que implica menos sofrimento a longo prazo. Nada de ficar pois agarrado/a a verdades ultrapassadas!
A verdade é uma dança constante, mutável e de carácter muito pessoal que frutifica a todo o momento perante a realidade vivida por ti. É intransmissível e por isso, livre de julgamentos ou condições. Não é um objectivo a alcançar e sim parte integrante do teu fluxo de vida que floresce a cada instante.
A tua verdade é aqui e agora.
Qual é a tua?
Dálida Costa
Life Builder